segunda-feira, junho 20, 2005
Cédulas

Em um de meus (não escassos) devaneios diários, formulei mais uma questão daquela sorte inquietante, que fica a reprisar-se em minha mente, como aqueles filmes da Sessão da Tarde, que vemos pela enésima vez e, ao faze-lo, perguntamo-nos: “Ei, espera aí! Eu já não vi isso há pouco?”

Pois esta questão é tão relevante quanto estas infinitamente reprisadas películas, mas – ao menos a meu ver – não deixa de ser divertida (bem como os seus análogos): Por que diabos as cédulas das moedas nacionais sempre trazem, estampadas em si, coisas que, de uma forma ou de outra, perderam seu valor?

Explico-me, antes que os patriotas extremistas apedrejem-me! Vejamos: Qual a atual situação do mico leão dourado? Certamente, nada boa! Ameaçado de extinção, o pobre animal, foge do desmatamento, do tráfico de animais e outras formas de demonstrações da estupidez da raça humana. O que dizer de nossa onça? Trancafiada em zoológicos, circos, ou caçada... mesmo os outros animais estampados nas cédulas. Talvez nem todos estejam em extinção, mas qual o valor que damos a eles? Arrisco-me a dizer (com louváveis exceções) que é absolutamente NULO! A população está mais preocupada com arranjar apelidos animalescos às pessoas, em razão de suas características – exemplo: macaco, viado...(reflexo da ignorância e dominação cultural deste povo parvo) do que com a sobrevivência de uma das mais diversas e ricas faunas do globo!

E o que dizer de nossos presidentes ou grandes homens? Recordo-me de quando ganhava a mesada em cruzeiros (se não me falha a memória) e via a figura do ilustríssimo Santos Dumont! Não me parece correto associar a figura deste gênio a uma nota, afinal, o povo (de forma geral) até sabe de quem se trata, mas não lhe dá o crédito e louvor mais do que merecidos. Em vez disso, glorificam o último ignorante que conquistou maior aprovação por parte desta população também repleta de imbecis.

Mas se animais estão em extinção e homens e mulheres memoráveis nunca têm seu devido valor (o que obviamente não os qualifica como as melhores coisas a serem cunhadas em cédulas, devido a seu “mau agouro”), o que diabos imprimir em uma hipotética nova série de moedas?

Que tal toda a seleção de cabeças-de-vento do próximo Big Bestas Brasil? A nota de maior valor fica sendo o vencedor desta palhaçada televisiva! Ou algo melhor ainda! Por que não imprimir imagens de homens que lidam com dinheiro, homens que nos mostram quem têm dinheiro, verdadeiras celebridades que não saem da boca do povo: Roberto Jefferson, Delúbio Soares, Maurício Marinho e toda sua corja. Realmente, dignos de estampar as notas, pra que lembremos o quanto eles furtaram de nossos bolsos. E, talvez assim, passemos a dar mais importância aos animais e aos homens geniais, não apenas por valerem “500 cruzeiros”, ou “dois reais”, mas sim por serem o melhor de uma terra tão repleta de vermes e pulhas de tal estirpe.

Texto Por: Gustavo
domingo, junho 12, 2005
Fragmento da história de dois personagens em construção
O relógio-despertador acusava, com suas luzes vermelho sangue, as 2:06 de uma manhã escura de domingo. Domingo de folga para qualquer homem de seus 30 anos que não fosse um workaholic. Ângelo não era um workaholic, mas ainda assim, não conseguia dormir. A mesma ansiedade que acometia os homens obcecados por trabalho, acometia agora o normalmente pacato homem, que - a despeito de sua forma física avantajada - tinha uma placidez que pudesse ser classificada como impressionante.
Enquanto Aline dormia placidamente, feito qualquer criança, Ângelo permanecia sentado na sala, sobre o sofá negro, de couro. Tinha as mãos ao rosto, e os ouvidos atentos a qualquer ruído que pudesse vir do quarto de sua protegida. Sua mente revisava, meticulosamente, cada milésimo de fração de segundo do que ocorrera naquele dia. Era quase como ver quadro por quadro a película de um filme. Um filme de ação nos acontecimentos, mas de terror quando Ângelo recorda a motivação dos homens.
Em meio ao breu pungente do ambiente, apenas interrompido pelos insistentes pontos luminosos do relógio, o homem recorda a cena.
“Eles eram poucos, mas bem preparados... e me surpreenderam...”
O ex-bombeiro tremeu a recordar-se de o quão inesperado foi o ataque. Não podia acreditar que eles haviam empreendido um ataque em pleno Hyde Park, quase em frente à fonte em memória da Princesa Diana. Por sorte, o ambiente é vasto, e um homem como aquele (de coração gentil, mas cuja alma foi forjada por muitas situações complexas) sabe muito bem como ser furtivo em um ambiente de 140 hectares.
Mas, se aqueles homens constantemente insistiam tão ferrenhamente em perseguir e (até o momento, sem sucesso) tentar destruir a pequena Aline, certamente as expectativas de seu Guardião tinham fundações. A alma da pequena dama de cabelos cor de fogo cresceria e se fortaleceria ainda mais, provando ser a regente tão esperada pelo seu povo. Assim pensava ele, enquanto os pontos vermelhos na escuridão persistiam, lhe dizendo que o caminho a ser trilhado para fora da escuridão, requererá que algum sangue seja derramado.
Texto Por: Gustavo
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Assim como a Guerra Fria, essse, é um jogo de idéias e interesses. Onde só há um vencedor: qualquer um que participar

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