quinta-feira, julho 07, 2005
Ela...

Desperto. Não abro os olhos. Minha cabeça gira, mas ao menos não dói. Agora sim, levanto as pálpebras e observo, ainda com a vista embaçada, o quarto na penumbra. Meu corpo estava esgotado. Alguém disse que o cansaço é proporcional ao esforço feito para algo que se deseja. Esta frase está errada. Do contrário, ela deveria ter-me feito pó. Justo ela, que adorava cantarolar que eu a faço sentir “menos pó, menos pozinho”. Rio quando penso nisso, e percebo meu ventre um pouco dolorido. A noite passada, realmente, foi divina.

Ela chegou mais cedo do que eu esperava. Bateu à minha porta e, quando abri, a vi ali. Talvez como se acreditasse se tratar de uma miragem, esfreguei meus olhos. E ela ainda estava ali depois disso. Talvez fosse uma Deusa, então. Pois seu rosto era etéreo e sua expressão, angelical. Finalmente, estávamos juntos.

Pouco tempo depois, não sei precisar quanto, pois quando estou com ela o tempo simplesmente cessa de existir, ela mostrava seu lado mais pecaminoso que virtuoso. Atracou-se comigo, em um frenesi sensual indescritível. Arrancando de mim gemidos guturais (assim como arrancou minhas vestes), que mais pareciam emitidos por um animal do que por um homem civilizado. Fez de mim o que bem quis, e entregou-se às minhas carícias como eu jamais havia imaginado ser possível. Ela, que chegara tão impecavelmente vestida e suavemente maquiada, instantes depois tinha sobre seu corpo apenas o meu. Ela, sem dúvida, me proporcionou a melhor noite de minha vida.

Olho para o lado, e ali a vejo, deitada de bruços, desnuda, dormindo como uma menininha. A minha menininha. Se ainda houvesse algum resto de energia em mim, certamente meu corpo daria sinais agora. Ah, ela é tão bela. Mas não só isso...

A vida toda, muitos tentaram, incessantemente compreender-me, e falharam. Outros, nem tentaram, mas quis muito que me entendessem, ou que ao menos tentassem. Ela, no entanto, nunca tentou entender-me, mas acabou por entender-me sem que eu tivesse de explicar uma só palavra. Ela entendia mais que minhas manias ou gostos ou atitudes. Ela entendia-me em um nível muito mais profundo. Ela viu minha alma. E a entendeu.

Levanto-me e vou até a sacada de meu apartamento, observar o sol, que nasce belo em tons amarelados, alaranjados e amarronzados, no horizonte. Eis que ela se aproxima de mim, e me envolve em um cálido abraço por trás.

Naquele exato momento tenho certeza, pois minha alma me diz: Jamais ficaremos distantes novamente...

Texto Por: Gustavo
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Assim como a Guerra Fria, essse, é um jogo de idéias e interesses. Onde só há um vencedor: qualquer um que participar

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